Mais de 80 mil pessoas celebram São Pedro na Madre Deus
Procissões sob chuva, missas, bois, quadrilhas e testemunhos emocionados marcaram a edição 2025 do tradicional festejo em devoção ao apóstolo pescador

O Festejo de São Pedro 2025, realizado pela Comunidade de São Pedro, no bairro Madre Deus, encerrou-se no último domingo, 29 de junho, reunindo mais de 80 mil pessoas, nos dias de maior movimento, 28 e 29 de junho. Sob o tema “Pedro, protetor, mostra-nos a esperança, qual âncora de nossas almas” (cf. Hb 6,19), o evento enfrentou a chuva com fervor, unindo fé, cultura e histórias de devoção que atravessam gerações. A Procissão Terrestre ea Missa Campal, no Largo de São Pedro, mesmo sob chuva, selaram uma cerimônia inesquecível.
Fé que une gerações
Para Artur Santos, 23 anos, responsável pelos louvores do festejo, a celebração é um chamado ancestral. “Minha bisavó abrigou a imagem de São Pedro, quando não havia capela fixa. Esse dom passou para meu avô, meu pai e agora para mim. Cantar é dizer ‘obrigado’, em versos e melodias, um revigoramento de fé e um sonho consumado com o coração”, relata com emoção. Ele destaca o engajamento jovem: “Ver a nova geração na capela, ajudando, garante que essa tradição seguirá viva, por muitos anos.”

Dona Maria, 68 anos, rezadeira de São Pedro, há 25 anos, compartilha o mesmo fervor. “Passei por momentos difíceis e me apeguei a São Pedro. Prometi cumprir minha obrigação com ele, e aqui estou, mais um ano”, conta. Para ela, a peregrinação, iniciada em 20 de maio, foi o momento mais marcante. “É sempre muito especial. Foi maravilhoso! ”
Procissões que comovem corações
A peregrinação da imagem de São Pedro, que alcançou bairros, como Vila Embratel e Ponta D’Areia, abriu o festejo. “A procura foi grande, então ampliamos o roteiro”, explica Kauana Barata, coordenadora geral. O novenário, de 20 a 28 de junho, trouxe terço às 18h e Santa Missa às 19h, com comunidades convidadas. “Cada dia tivemos um convidado, tornando a celebração mais acolhedora”, diz Kauana.
A Procissão Luminosa, no dia 28, levou a imagem da Igreja São Roque, no bairro do Lira, à Capela de São Pedro, com cânticos e promesseiros. A Procissão Marítima, na manhã do dia 29, na Rampa Campos Melo, emocionou os fiéis. Dona Lúcia Leal, 67 anos, descreveu: “Rezamos e contemplamos a cidade com os olhos da fé. É algo que alimenta a alma.” Maria José, devota, reforçou: “São Pedro intercede por nós. Já fui atendida e volto para agradecer.”
Mesmo com chuva, a Procissão Terrestre, na tarde do dia 29, partiu da Capela de São Pedro pelas ruas da Madre Deus, com uma parada especial em frente ao Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão 1), em um gesto de solidariedade e oração. A procissão seguiu até o Largo de São Pedro, onde a Missa Campal marcou o encerramento do festejo, unindo a comunidade em um momento de renovação espiritual.
Para o Padre Bruno, um dos celebrantes do Festejo, o momento transcende as paredes da igreja, sendo uma expressão viva da alma maranhense. “São Pedro é muito próximo de nós. Foi alguém cabeça dura, que fraquejou, mas se levantou e seguiu Cristo, com amor, dando a vida pelo Evangelho. A gente se identifica com sua fraqueza e sua força”, reflete. Ele destaca o caráter acolhedor do evento: “É uma festa do povo, popular, de todos. Aqui, as pessoas vêm manifestar sua devoção, pagar promessas, agradecer ou simplesmente celebrar. Como Igreja, acolhemos todos — com suas entidades, sincretismos e expressões de fé. Não há limites para o que São Pedro representa.”
Largo de São Pedro: o pulsar da cultura
O Largo de São Pedro foi o coração cultural do festejo. “Tivemos uma programação vasta, com bumba meu boi, quadrilhas e muito mais”, celebra Kauana. Grupos como Encanto da Ilha, Famosão de Humberto de Campos e Brilho da Areia Branca, além de quadrilhas, como Rosa Amarela e Mocinha do Sertão, encantaram o público. O Concurso de Rainha Caipira das Princesas trouxe alegria intergeracional.
Dona Maria do Espírito Santo, do Boi Encantado da Ilha, há mais de 12 anos no festejo, compartilhou: “É uma emoção dançar e bordar para o São Pedro. Minha família toda se envolve. A cultura maranhense precisa ser valorizada.” Barracas juninas ofereceram vatapá, mingau de milho e torta de caranguejo, além de camisas oficiais, movimentando a economia local.
Vozes que celebram o Maranhão
O governador Carlos Brandão, em sua conta, no X, celebrou o evento: “O tradicional Encontro de Bois, na Capela de São Pedro, é expressão viva da fé, da ancestralidade e da riqueza cultural do nosso povo. Mais uma vez, milhares de maranhenses celebraram, juntos,esse momento de devoção e alegria. Viva São Pedro!” Sua fala reforça a dimensão cultural e espiritual do festejo.
O evento contou com o patrocínio da EquatorialMaranhão, pela Lei de Incentivo à Cultura, via Governodo Estado, e da Secretaria de Estado da Cultura – e comos apoios da Prefeitura de São Luís (Secult) e SescMaranhão. “Esses parceiros foram fundamentais para arealização do Festejo”, destaca Sandra Barata,coordenadora cultural.
Nas redes sociais, internautas compartilharam momentos de alegria e celebração da cultura e da fé: “São 11 anos amanhecendo, do dia 28 para o dia 29, entre a Capela de São Pedro e a Casa das Minas, mas nunca fica menos surpreendente ou mágico. Impossível não se encantar, independente de religião. É o maior São João do mundo SIM! Viva o Maranhão!”, pontou Rayssa Oliveira, em seu perfil.
Outro internauta, Guerreira Solame, expressou sua admiração: “Capela de São Pedro apenas bonita, potente, cultural, sincretismo puro, sagrado e profano, tudo ali, naquela minúscula capela. Voltei renovada e mais maravilhada em ser maranhense.” A fala enfatizou a riqueza cultural e a renovação pessoal.
Ainda teve quem capturou a emoção das promessas: “Acompanhar as pessoas subindo a escadaria da capela de São Pedro é algo muito forte. Quanta história tem por trás, de cada promessa, sendo paga. É muito bonito.” Sua observação reflete a profundidade das histórias de fé vividas no evento.
Legado de fé e união
Kauana reflete: “Nasci na Madre Deus, apaixonada por esse festejo. Organizar é uma missão de amor. Ver a comunidade unida é gratificante.” Dona Maria do Carmo incentiva: “Procurem a igreja. É uma festa linda!”. Dona Lúcia aconselha: “Perseverem nos caminhos de Deus.” Maria José convida: “Vale muito à pena se reunir, na fé.”E Artur resume: “Foi uma caminhada árdua, mas a comunidade realizou a festa, com louvor.”