[dropcap]D[/dropcap]e um lado, com 19 anos, o francês Kylian Mbappé tem assombrado o mundo. Do outro lado, contundido e apenas relacionado para o banco de reservas, Edinson Cavani tem assustado a torcida uruguaia. O duelo que prometia deixar a torcida em polvorosa, nesta sexta-feira (6/7), às 11h, em Nijni Novgorod, se restringiu, no primeiro tempo, a Mbappe de um lado e Luis Suárez do outro. Mas foi o zagueiro francês Varane, de cabeça, após cruzamento, quem abriu o placar, aos 40 minutos do primeiro tempo.
Promessa, de qualquer forma, de um jogo teno e bastante disputado entre seleções que já conquistaram a Copa. O Uruguai, duas vezes. A França, uma. O Uruguai tem, aliás, uma estatística que pode servir de incentivo à vitória: já disputou 137 partidas contra países europeus, e tem 50 vitórias, 36 empates e 51 derrotas. Se vencer a França, empata em número de vitórias. Confra a França, foram oito jogos, com três vitórias, quatro empates e só uma derrota. Em Copas do Mundo, foram três partidas, com uma vitória dos sul-americanos e dois empates.
Vai ser difícil, porém. O jogo começou bastante equilibrado, com os franceses mantendo maior posse de bola enquanto os uruguaios optaram pelo contra-ataque e pelas jogadas duras para conter os franceses, especialmente sobre Mbappé.
Voltando ao jovem jogador, nas oitavas de final da Copa do Mundo, no jogo contra a Argentina, a arrancada dele do campo de defesa até a área adversária foi impressionante. Companheiro de Neymar no Paris Saint-Germain, tem três gols no Mundial e é um dos candidatos a ser eleito o melhor jogador do torneio. Mas agora, nas quartas de final, a França terá como rival uma seleção acostumada a ser a assombração – o tradicionalíssimo Uruguai, claro
Aos 71 anos, o técnico do Uruguai, “Maestro” Óscar Tabárez, disse, calmamente, o que ele vê de mais positivo no time do técnico Didier Deschamps. “A França é um adversário poderoso, com capacidade, com muitos jovens, de muita velocidade, como Mbappé e Griezmann.”
Tabárez chegou com dificuldade para a entrevista. Caminhando a passos lentos, escorado em sua inseparável bengala, ele e o futebol uruguaio se mesclam com clareza. Nos últimos anos, o técnico mudou um pouco o padrão tático com a qual a seleção sul-americana estava acostumada. Saiu o futebol brucutu, de pancadaria, e entrou a classe, que sempre esteve no país, mas estava esquecida havia um tempo. O Uruguai, então, voltou a figurar entre os melhores do mundo.
A explicação para o termo “limitá-los” é simples. Tabárez, provavelmente, não poderá contar desde o começo do jogo com o atacante Edinson Cavani, que se recupera de uma lesão na panturrilha esquerda, sofrida na classificação uruguaia diante de Portugal, no último sábado. Assim, o Uruguai ficará com Luis Suárez como referência, mas vai apertar a marcação em Mbappé para tentar correr menos riscos.
A tarefa será bem difícil. O atacante francês tem sido um dos mais eficientes em passes e nos arremates ao gol em todo o campeonato. Até agora, ele marcou três gols em cinco chutes certeiros contra o gol adversário, todos de dentro da área. Isso mostra que Mbappé é certeiro – só chuta quando tem a certeza de que pode vencer o goleiro do rival.
Elogios
A ideia de Deschamps é que Mbappé não dê ouvidos aos milhares de elogios, principalmente da imprensa francesa, que não cansa de repetir os feitos do atacante, principalmente os realizados na classificação para as quartas de final. O garoto chegou a ser comparado com Pelé e Ronaldo Fenômeno.
Em campo, duas escolas de futebol distintas e cada uma com a sua beleza. A velocidade e habilidade francesas contra o ótimo sistema defensivo uruguaio. Um jogo imperdível.