[dropcap]A[/dropcap] Polícia Militar informou ao Estado na noite desta quarta-feira, 13, que chegou a conclusão de que um dos atiradores da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, matou o comparsa e depois se matou. A corporação, no entanto, não detalhou quem teria atirado contra quem.
Na manhã desta quarta, os dois foram até a loja de carros seminovos de um tio de G.T.M., Jorge Antônio Moraes, localizada a cerca de 450 metros da escola.
De acordo com testemunhas, por volta de 9h15, G.T.M. entrou sozinho no local, onde também funciona um estacionamento e um lava-rápido e disparou três vezes. Ele acertou o celular que Moraes segurava na mão – e o levantou na tentativa de se proteger -, a clavícula e as costas da vítima. Depois, saiu e embarcou no carro que o esperava. Moraes morreu algumas horas depois no hospital.
O gerente Rodrigo Cardi, de 34 anos, trabalhou com Moraes nos últimos 15 anos e disse nunca ter visto G.T.M. no local.
Parece que o Jorge tentou dar uns conselhos depois que o sobrinho foi mal na escola, mas ele não gostou. No momento do ataque, nada foi falado nem houve chance de defesa”, disse.
A polícia foi acionada para procurar um Ônix branco, encontrado um tempo depois na frente dessa escola, já com a chamado do tiroteio em curso.
Heróis’ salvaram crianças da tragédia em Suzano
A tragédia poderia ter um número de vítimas se não fossem os esforços de alguns funcionários da escola. O coronel Marcelo Salles, comandante da PM, destacou a atuação de uma professora que estava no centro de idiomas. “(Os atiradores) se dirigiram ao local. Os alunos de lá se fecharam na sala junto com a professora.”
Uma das figuras mais lembradas é a de uma das merendeiras, que se trancou no refeitório com cerca de 60 alunos e chegou a colocar uma geladeira para impedir a entrada dos atiradores. “Senão, a desgraça seria maior”, conta o celeiro Wendel, pai de Maria Eduarda, de 15 anos, uma das alunas salvas pela funcionária. “A minha filha ligou desesperada de dentro do refeitório. Como moro a uma rua da escola, cheguei rápido. Vi uma cena que não queria ter visto na minha vida, muito menos que a minha filha tivesse visto uma coisa dessas”, diz.
A estudante Kelly Milene Guerra, de 16 anos, contou que escutou vários tiros, mas não ouviu os atiradores falarem nada durante o ataque.
“Ficamos dentro da cantina até a polícia chegar, mas não sabíamos o que estava acontecendo e de quem se tratava, então o medo continuou. Eles abriram a porta e mandaram a gente correr o mais rápido possível. Vi uns corpos no caminho”, disse.
“A gente ficou ligando para a polícia, só tinha a visão da janela. Via as pessoas correndo, ouvindo os tiros e os gritos. A gente correu para onde dava, alguns para o centro bilíngue, outros, banheiro, para as salas que estavam perto, todo mundo tentando se proteger”, diz a aluna do segundo ano Quéren Cardoso, de 16 anos.
“No primeiro tiro, a gente olhou o que estava acontecendo. No segundo, todo mundo saiu gritando ‘é tiro’. Todo mundo largou os pratos, o celular”, conta ela. / ANA PAULA NIEDERAUER, ISABELA PALHARES, JULIANA DIÓGENES, MARCELO GODOY, MARCO ANTONIO CARVALHO, PAULA FELIX e PRISCILA MENGUE.