A queda do avião de Marília Mendonça na sexta-feira (5) em Minas Gerais chamou atenção pelo fato de o avião não ter ficado completamente destruído, como é comum ocorrer em quedas de aeronaves.
Segundo imagens do local do acidente, é possível ver que a estrutura principal do avião não ficou destroçada, e apenas a cauda se rompeu.
Ao observar uma cena como essa, é comum pensar que o avião fez um pouso forçado e que, com os aparentes danos não tão severos, quem estava a bordo conseguiria sair com vida ou ferimentos leves. Mas por que todos a bordo morreram? Queda na vertical.
Caso o avião faça um pouso forçado, geralmente, as forças se distribuem entre a movimentação vertical e a horizontal da aeronave. É a trajetória de pouso comum de um avião, que desce aos poucos enquanto avança para a frente, mas agravada pelo fato de isso ocorrer em um local improvisado, e não uma pista.
O que poderia ter ocorrido com o avião de Marília Mendonça é uma perda de sustentação, e ele teria caído na vertical, e não voando para a frente, como costuma ocorrer. Isso é apenas uma especulação, mas serve para entender um pouco mais sobre a força que o corpo humano recebe nesse tipo de queda.
“Se fosse um pouso forçado e o avião tivesse pousado e parado naquela posição, provavelmente, todos estariam vivos”, diz o piloto Raul Marinho, gerente técnico da Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral).
“Aparentemente, o avião caiu de maneira abrupta, perdendo a sustentação e girando em relação ao solo. Essa rotação seria como a de um ventilador de teto. Se fosse isso que ocorreu, o avião teria caído e, ao tocar no solo, sofrido uma desaceleração brusca, ocasionando a morte das pessoas a bordo. Mas isso é apenas uma hipótese”, afirma o piloto.
Órgãos internos em colisão
De acordo com Adnamare Tikasawa, mestra em terapia ocupacional neurológica, a desaceleração é uma das principais responsáveis pelas mortes quando acontece uma diminuição brusca da velocidade de um corpo em movimento. Isso ocorre quando há uma interrupção súbita de um movimento.
Segundo a profissional, o corpo da pessoa fica parado, fixo no objeto em movimento (no caso, o avião), mas os órgãos internos mantêm a velocidade. Os órgãos não estão totalmente presos e por isso acabam se chocando com muita força contra ossos, músculos e pele.
“A violência do choque pode causar rompimento de órgãos como fígado, baço, bexiga e útero em mulheres grávidas”, diz Adnamare. “O cérebro bate contra o crânio que é uma estrutura compacta e rígida e forma áreas de lesão e coágulos de sangue (hematomas). Também acontece um deslocamento do cérebro dentro da calota craniana o que provoca um estiramento da base do crânio onde está localizado o tronco cerebral (estrutura de comando das funções vitais)”, afirma a terapeuta.
Também é comum que ocorram múltiplas fraturas, como a da coluna cervical. “Quanto maior a velocidade, maiores são os danos. É sabido que a partir de 150 km/h acontece um prejuízo na função das células nervosas (neurônios)”, diz Adnamare.