[drpcap]M[/dropcap]ais uma tentativa de se aproximar dos evangélicos, o presidente Michel Temer (MDB) reuniu-se, na manhã desta quinta-feira (31/5), com 27 líderes estaduais das Assembleias de Deus no Brasil. O encontrou ocorreu em Brasília, na Catedral Baleia (910 Sul), que sedia convenção nacional dessas igrejas.
Acompanhado do pré-candidato à Presidência da República Henrique Meirelles (MDB), Temer disse que é guiado por dois livros: a Constituição Federal e a Bíblia. Nesse trecho do discurso, o chefe do Executivo foi aplaudido pela plateia.
“Não foram poucas as vezes em que eu abri a bíblia para encontrar um caminho em dias difíceis na Presidência”, afirmou. Ele ainda comentou rapidamente a greve dos caminhoneiros: “A paralisação está passando e a crise foi resolvida por meio do diálogo, [solução] muitas vezes criticada”.
O discurso do presidente durou pouco mais de 10 minutos. Ele encerrou a fala pedindo que os presentes orem por ele e pelo seu governo. Depois, o bispo Manoel Ferreira fez uma prece e abençoou Temer.
O bispo Manoel Ferreira orientou o comportamento do público presente na igreja. Antes do discurso do presidente, o religioso disse: “Fique tranquilo [Temer]. Aqui você só será aplaudido, pois aprendemos a respeitar as autoridades constituídas”. Outras lideranças da igreja, antes da chegada da imprensa, pediram aos fiéis que, apesar do momento difícil do país, evitassem manifestações de repúdio ao chefe do Executivo.
Vários deputados e senadores evangélicos participam do culto. Chamou atenção, a presença do senador cassado Demóstenes Torres (PTB-GO). Recentemente, o goiano foi autorizado pelo Supremo Tribunal Federal a participar do pleito de 2018.
Aproximação religiosa
Desde a confirmação de Henrique Meirelles como pré-candidato à Presidência da República pelo MDB, Temer tem aumentado o diálogo com as igrejas. Evangélico, o ex-ministro da Fazenda circula bem entre os líderes religiosos e acredita que o grupo pode ajudar a alavancar suas intenções de voto.
Dados do Ibope apontam que os evangélicos representam 27% do eleitorado brasileiro – cerca de 39,5 milhões de pessoas. A mesma pesquisa indica a forte presença das Assembleias de Deus, com 12,3 milhões de fiéis.
A aproximação também ocorre formalmente. Ronaldo Fonseca (sem partido-DF), pastor ligado à Assembleia de Deus, foi nomeado ministro da Secretaria-Geral. A movimentação política foi interpretada como uma sinalização do Planalto em busca do apoio das igrejas.