[dropcap]O[/dropcap] ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a prisão em Curitiba, no Paraná, na manhã deste sábado, por cerca de nove horas. Ele viajou a São Bernardo do Campo, em São Paulo, para o velório e a cerimônia de cremação de seu neto Arthur, de sete anos, que morreu no dia anterior vítima de meningite meningocócica.
O pedido para que Lula pudesse participar do funeral foi feito por seus advogados com base no artigo 120 da Lei de Execução Penal, segundo o qual “os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”. O Ministério Público Federal (MPF) deu parecer favorável à saída temporária do ex-presidente e a viagem foi autorizada pela Justiça Federal, com escolta policial.
Ao todo, 275 policiais militares participaram da operação.
Lula está preso desde 7 de abril de 2018 em uma sala especial na Polícia Federal (PF) em Curitiba. Nesse período, Arthur foi visitá-lo duas vezes. O ex-presidente cumpre pena de 12 anos 1 mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, da Operação Lava Jato.
Segundo a Justiça, Lula recebeu propina da empreiteira OAS na forma de um apartamento no Guarujá, em troca de favores na Petrobras. A defesa do ex-presidente nega as acusações.
Essa foi a segunda vez que Lula deixou a prisão. Na primeira, em 14 de novembro do ano passado, ele saiu para prestar depoimento à juíza Gabriela Hardt, que substitui Sergio Moro nas ações da Operação Lava Jato que ainda correm na primeira instância.
Em janeiro deste ano, a defesa de Lula solicitou à Justiça que o ex-presidente deixasse à prisão para ir ao funeral de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em São Bernardo do Campo. Mas a juíza Carolina Lebbos – responsável por supervisionar o cumprimento da pena de Lula e autora da decisão que o liberou para o velório do neto – negou.
Na ocasião, a magistrada diz ter tomado a decisão com base em um parecer da Polícia Federal, segundo o qual não era possível, à época, garantir a segurança de Lula e das demais pessoas durante o trajeto até São Bernardo devido ao curto prazo.
Pouco antes do enterro de Vavá, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o ex-presidente a deixar a prisão. Mas Lula decidiu não ir – não havia mais tempo hábil.
Confira abaixo a cronologia das quase 9 horas de Lula fora da prisão:
7h – Lula deixa a carceragem da PF em Curitiba de helicóptero
7h19 – Decola em um avião Cessna Grand Caravan de prefixo PP MMS, que pertence ao governo do Paraná, do aeroporto de Bacacheri.
8h31 – Pousa no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
10h25 – Embarca em helicóptero para São Bernardo do Campo.
11h – Chega ao velório em um carro da PF sob um forte esquema de segurança. O acesso ao funeral e à cerimônia de cremação foi restrito a familiares e amigos.
13h – Deixa o cemitério Jardim da Colina após a cerimônia de cremação.
13h20 – Volta para Congonhas em helicóptero da PM.
14h14 – Embarca de volta para Curitiba no mesmo avião que o levou a São Paulo.
15h30 – Pousa no aeroporto de Bacacheri.
15h45 – Retorna à carceragem da PF.
Sob forte esquema de segurança e chorando, o ex-presidente Lula acaba de deixar o cemitério Jardim da Colina, onde seu neto, Arthur, foi velado e cremado neste sábado.O ex-presidente Lula chegou por volta das 11h ao local, em São Bernardo do Campo, para acompanhar a cerimônia.Arthur tinha 7 anos e morreu na manhã desta sexta-feira em decorrência de uma meningite meningocócica.Lula chegou ao velório escoltado por agentes federais e policiais militares, recebido aos gritos por centenas de militantes e apoiadores que se concentram na entrada do local.A entrada no cemitério – o mesmo onde a mulher do ex-presidente e avó do menino, Marisa Letícia, foi cremada em fevereiro de 2017 – foi restrita aos familiares do menino e a amigos.Lula foi autorizado por uma decisão da juíza federal Carolina Lebbos a sair da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena, para participar do velório.A ex-presidente Dilma e o candidato à Presidência pelo PSOL em 2018, Guilherme Boulos, estão entre os que compareceram ao local.*Crédito das imagens: Felipe Souza/ BBC News Brasil**Confira a reportagem no nosso site: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47423955
Posted by BBC News Brasil on Saturday, March 2, 2019
A morte e o velório de Arthur
Arthur Araújo Lula da Silva era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
O menino deu entrada no Hospital Bartira, em Santo André, às 7h20 da sexta-feira, com “quadro instável”. Ele morreu às 12h11 “devido ao agravamento do quadro infeccioso”, segundo a assessoria da Rede D’Or São Luiz, da qual o hospital faz parte.
A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Ela pode ser causada por diversos agentes infecciosos (bactérias, vírus ou fungos). A meningocócica é uma meningite bacteriana e, junto com a pneumocócica, é considerada uma das formas mais graves e preocupantes da doença.
O corpo de Arthur foi cremado no cemitério Jardim da Colina, o mesmo a avó, Marisa Letícia, foi cremada em fevereiro de 2017.
A ex-presidente Dilma e o candidato à Presidência pelo PSOL em 2018, Guilherme Boulos, estão entre os que compareceram ao velório. Na entrada, centenas de militantes e apoiadores se concentraram e receberam Lula aos gritos.
Colaborou Felipe Souza, da BBC News Brasil em São Paulo.
Via-www.bbc.com